A amoreira, a abundância e as relações

Quanto mais cedo a gente aprender a perceber a abundância ao nosso redor, a perceber os dons e talentos que cada uma das pessoas têm para nos dar, mais fácil fica o desenvolver-se e o se mover no mundo. Acredite, tá tudo aí! Disponível o tempo todo! A gente é que não consegue pegar ;).

Há dois anos, plantei um pé de amora, que nesse ano ficou carregado. Quanto mais eu colhia e fazia doce, geléia, suco e chamava os vizinhos para colherem também, mais o pé dava. Abundância….tinha pra todo mundo. A amoreira não escolhe pra quem vai dar e não fica “regulando” com medo de ficar sem, ela simplesmente dá.

A natureza sempre tem esse poder de me ensinar com sua sabedoria.

A época da amoreira passou. E no meu caminho surgiu um pé de acerola super carregado. No meu quintal também tem um pé de acerola, que plantei junto com meu pai, mas que não estava carregado. “Encasquetei” que queria colher aquelas acerolas. Queria as acerolas do pé que ganhei de presente do meu pai, mesmo que fossem poucas e de difícil acesso. Peguei um copo e fui fazer a minha colheita.

Peguei três frutos com dificuldade, na ponta dos pés e lá no alto vi mais dois. Peguei o galho e puxei, fui puxando cada vez mais até conseguir alcançar e de repente “creck”, o galho quebrou! Rachou! Fiquei desesperada!!! Pedi desculpas ao pé de acerola e corri pra achar alguma coisa que pudesse remediar, colar aquele galho de novo no lugar. Achei um pedaço de arame, fiz uma força absurda para tentar grudar uma parte na outra... Não ficou muito bom, por mais que eu tentasse arrumar, logo a rachadura se abria novamente, evidenciando a minha teimosia.

Porque quis colher desse pé que não tem fruto pra dar, que não está preparado para dar ainda ao invés de pegar do outro que estava pronto e carregado?

Traçando um paralelo com a vida, com as relações, penso quantas vezes queremos porque queremos que o outro nos de aquilo que ele não tem pra dar. Forçamos tanto que quebramos a relação e depois dá um trabalho enorme para arrumar. É igualzinho! Não seria simplesmente mais fácil pegar daquele que tem pra te dar? Temos infinitos amigos, com características diferentes, com tanto para nos dar, cada um com sua singularidade... e porque então em sã consciência queremos pegar algo de alguém que não tem aquilo pra nos dar? E nos relacionamentos afetivos então? Vira e mexe problemas são causados por causa disso.

No mundo corporativo isso também ocorre. Buscamos muitas vezes o que o chefe ou companheiro de trabalho não está pronto pra nos dar, baseados nas nossas expectativas. É preciso ir buscar o que é importante para cada um com aqueles que podem te dar o que se precisa e aproveitar os talentos abundantes que muitas vezes esquecemos de olhar.

Estou aqui compartilhando uma reflexão que tive e que me ajudou a perceber o quanto muitas vezes me frustro e literalmente “quebro” relações ao querer que o outro me dê o que eu quero, na hora que eu quero e do jeito que eu quero. Muitas vezes fico tão obstinada, que fico cega a ponto de não conseguir ver que ele não tem isso pra me dar, pelo menos, não naquele momento ou naquela forma que eu quero receber.

Tantos talentos e tanta abundância e nós procurando a perfeição e a satisfação de nossas vontades.

OBS. Lembre-se que a maioria das pessoas simplesmente AMA compartilhar aquilo que elas FAZEM DE MELHOR, aquilo que ELAS REALMENTE TÊM PRA DAR. Neste lugar, não há escassez. Quanto mais elas dão, mais elas querem dar, é algo que preenche, que brota do coração, que faz bem. Faça o teste, vá comprovar, veja com os seus próprios olhos, se permita passar por esta experiência: escolha alguém, veja o que essa pessoa faz de melhor, se aproxime, diga que você vê ela fazendo isso super bem e que gostaria de aprender isso também. Peça pra ela te ajudar, pra ela compartilhar esse talento com você. Veja o que acontece. É igualzinho ao meu pé de amora – uma fonte inesgotável de amor e abundância, tem pra todo mundo ☺

#narayana #tempratodomundo