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A Modinha do “Mindfulness” no Mundo Corporativo Pegou (Ainda Bem! _/\_ )

  • Foto do escritor: Sofia Nogueira
    Sofia Nogueira
  • 18 de fev. de 2020
  • 6 min de leitura

Certa vez fui chamada por uma consultora que trabalha na área de Desenvolvimento Humano em grandes organizações para ajudá-la com um workshop de “Mindfulness”. Logo perguntei: “Eu? Porque eu?” E a resposta foi imediata: “Ué... porque esse assunto é a sua cara! Você sabe tudo de meditação, já foi umas dez vezes pra Índia, já fez inúmeros retiros de silencio... é muito óbvio!


Sempre que escuto sobre "mindfulness" eu penso em você”. Algo me dizia que ela estava certa... minha intuição me chamou para mergulhar um pouco mais neste tema e pude então entender algumas questões que gostaria de dividir com vocês aqui.


Eu, como “ex” executiva da área de Recursos Humanos de grandes empresas, principalmente do mercado financeiro, mesmo tendo vivido todos os benefícios do poder de controlar a minha mente em alguns momentos importantes na minha vida profissional, sempre achei que essa coisa de “mindfulness” dentro das empresas era visto como algo muito exotérico, muito “zen”, alternativo, coisa de “bicho grilo” e que, portanto, nunca ganharia espaço no mundo dos executivos. Quanto engano! Como eu estava realmente equivocada!


Ao me aprofundar neste assunto de uma forma mais estruturada, pude entender perfeitamente esse movimento crescente da busca de “mindfulness” dentro das organizações nos dias de hoje. Grandes empresas, de diferentes segmentos, como por exemplo Google, Apple, Ford, Nike, Accenture, McKinsey, Target, Roche, Astra Zenica, Goldman Sachs, Deutsche Bank, Intel, entre outras, já entenderam todos os benefícios que “mindfulness” traz para o mundo dos negócios e portanto já possuem programas e centros de formação estruturados que oferecem práticas diárias aos seus líderes.


Um dos maiores benefícios do “mindfulness” é poder ter clareza do que é real e do que não é real. Você aí... que trabalha dentro do mundo corporativo, que se relaciona com várias pessoas de diferentes áreas e funções, que participa de inúmeras reuniões, consegue entender o impacto disso nesse ambiente e como isso afeta diretamente a performance das empresas?


Participei de várias reuniões extremamente improdutivas, dentro e fora dos locais onde trabalhei, por diferentes motivos: muita gente sobrecarregada com inúmeras aprovações para fazer em seus e-mails, a pressão pela entrega de projetos extremamente desafiadores e pra piorar ainda mais, todo o processo de gestão de pessoas que não é nada simples e que possui várias ações ao longo do ano para tentar garantir que seja bem feito. A consequência era óbvia: na maioria das vezes o que se via eram pessoas de corpo presente mas com o grau de atenção extremamente baixo, o que obviamente dificultava a tomada de decisão de uma forma mais rápida e assertiva.


Isso sem falar nas várias vozes que falam sem parar dentro de nossas cabeças. Uma barulheira danada! Coisa de maluco! Você alguma vez, só por curiosidade, já ficou atento pra perceber o “barraco” que elas fazem na sua mente? E como atrapalham o seu comportamento no dia-a-dia de trabalho? Com frequência nos perdemos, achamos que somos mesmo estas vozes, e claro que nestes casos, são elas que acabam tomando as nossas decisões, muitas vezes nos levando para o lado oposto daquele que queremos ir.


E por último, porém não menos importante, todas as emoções que passam dentro de nós durante as discussões que acontecem em um processo decisório. É gente com taquicardia, que fica vermelho, que transpira em baixo do braço, que range os dentes, e por aí vai.


Pois bem... você sabia que muitos desses nossos comportamentos estão totalmente relacionados com o fato de darmos atenção para todas essas vozes (fruto de toda a nossa experiência de vida, crenças e valores) principalmente quando estamos sentindo medo ou raiva? Então eu te pergunto: Quantas vezes você sentiu medo e/ou raiva no seu trabalho? Dentro de uma reunião ou em uma conversa com seu chefe, pares e subordinados? Seja bem honesto com você mesmo... não julgue!

Lembre-se inclusive daquele medo e daquela raiva que apareceu de forma bem sutil: aquela pessoa que não te olhou, que não te cumprimentou, a pessoa que te fez sentir inferior, aquela ironia ou a piadinha maldosa falada de um assunto que você estava apresentando. 


Isso acontece porque existe uma área dentro do nosso cérebro chamada amídala que faz parte do sistema límbico (que é quem cuida das nossas respostas emocionais) e que responde principalmente pelo sentimento de ameaça, que gera como reação dois comportamentos: o de lutar ou o de sair correndo (considerando que a paralisia também pode ser entendida como "sair correndo" para se proteger). A amídala é muito rápida, sempre que sente uma situação de ameaça ela avisa o corpo e manda neurotransmissores, que liberam cortisol e adrenalina que trazem tensão para você atacar ou correr.


Quando a amídala é acionada, ela dispara e se conecta com o córtex, que é a área responsável pelas nossas escolhas racionais, onde a gente consegue avaliar as alternativas e optar pelo que é melhor pra gente e para os outros. Desta forma, é como se ela inibisse a nossa capacidade de pensar racionalmente. Por exemplo: Você já presenciou no seu trabalho alguém que teve um “piti”? Alguém que “perdeu totalmente a cabeça”? Você já teve um “piti”? Então isso significa que você foi sequestrado pela sua amídala! Ela te pegou! Pronto! “Game over”!!! Você não consegue mais raciocinar, não adianta... você já tentou falar com uma pessoa neste estado? Você percebeu se ela consegue pensar racionalmente? Não dá!!! A amídala está disparada! Não tem mais o que fazer.


E o que isso tem a ver com o mundo corporativo? Tudo! Principalmente nos dias de hoje, com essa crise econômica tão agressiva no país. Muitos CEOs já entenderam a necessidade de se reinventar para poder continuar com seus resultados sustentáveis. São inúmeras as mudanças que precisam ser feitas, desde as mais simples com projetos e processos até as mais complexas como por exemplo a gestão de uma nova cultura organizacional. A maioria já presenciou a dificuldade de se obter mudanças significativas, todas as resistências que acontecem nos indivíduos e o trabalho que isso custa no gerenciamento das pessoas e do negócio.


Já está comprovado que 99% das vezes que nos sentimos atacados, acreditamos em coisas que não são reais! Exatamente! 99% dessas coisas que você sente no seu dia-a-dia de trabalho quando percebe que está sendo ameaçado não são “realmente reais” ... elas estão todas ligadas ao seu mundo projetivo! E isso atrapalha demais a sua performance, isso sem falar do impacto na sua saúde e bem estar (gastrite, enxaqueca, síndrome do pânico, stress).


Também já foi comprovado que quando a pessoa passa por um programa bem estruturado de “mindfulness” a atividade na amídala diminui e a atividade do córtex pré frontal aumenta. Ou seja, aumenta a habilidade em lidar com as emoções. Essa é uma das maneiras de se desenvolver a tão falada inteligência emocional. Algumas pesquisas mostram que pessoas com quinze mil/vinte mil horas de prática de “mindfulness” (basicamente monges) tiveram uma diminuição dos neurônios da amídala e um aumento da massa encefálica no córtex pré frontal.


Ou seja, com o avanço da tecnologia e com todas as pesquisas científicas que comprovam a eficácia da prática de “mindfulness”, o mundo corporativo começou a entender que esta pode ser sim uma ferramenta de grande poder de transformação que impacta positivamente a performance do seu negócio. Muitos já estão investindo neste tipo de formação e já conseguem perceber uma grande melhora no ganho da produtividade em função da diminuição do stress e dos problemas de relacionamento. Adicionalmente nota-se uma melhora na atuação de seus colaboradores com o aumento do foco e da concentração em reuniões e apresentações, com mais espaço para o uso da espontaneidade, criatividade e inovação. Melhora na capacidade de trabalhar em equipe, de liderar, de decidir, de comunicar, de executar, o que consequentemente resulta em mais saúde física, mental, satisfação e bem estar.


Fiquei muito surpresa e feliz ao perceber a abertura das organizações para esse tema. As vezes uma crise nos ajuda a realmente ir além, nos força a inovar e a experimentar coisas novas. Ainda bem que essa moda pegou! Todo mundo ganha e todo mundo agradece!!!! Para ressignificar as relações de trabalho, por um novo jeito de trabalhar, mais leve, espontâneo, mais gostoso, conectado, presente, mais íntegro e menos violento!


EU ACREDITO NO AMOR. EM UM MUNDO SEM GUERRAS, SEM VIOLÊNCIA E ESCASSEZ. ACREDITO QUE O SER HUMANO É CAPAZ DE VIVER EM HARMONIA, DE SER FELIZ E DE CONFIAR QUE NADA LHE FALTARÁ.


Sofia Guerra Nogueira

Founder and CEO at Narayana Desenvolvimento Humano

Apaixonada por trabalhos de autoconhecimento que enriquecem a alma


 
 
 

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